Are we ALL IN?

19/09/2014
mario ceitil allinNo mundo competitivo de hoje, toda a gente anda à procura da última novidade, seja ela o próximo novo grande produto, a nova solução, a nova ideia que seja capaz de gerar momentos “Aah” nos executivos, empreendedores e outros stakeholders nas organizações.No entanto, a solução dos problemas não reside em fórmulas mágicas, nem necessariamente em recursos ou tecnologias mais sofisticados; a verdadeira inventividade está, sim, na capacidade das pessoas e das organizações fazerem verdadeiras ruturas criativas com hábitos e rotinas instaladas que, por sua vez, radicam em modalidades de mind-set que já não são compagináveis com a complexidade do mundo atual. É por isso, aliás, que se costuma dizer que o grande problema das empresas é a mentalidade dos seus colaboradores, quadros ou executivos de topo, dependendo, naturalmente, do posicionamento hierárquico do arguente.Na gestão das pessoas, por exemplo, continuamos a insistir em que o principal problema da produtividade é a motivação ou, mais propriamente, a falta dela, apesar de já ter decorrido quase um século desde que Elton Mayo demonstrou, pela primeira vez, que o envolvimento e a consideração constituíam os fatores com maior impacto nos aumentos de produtividade dos colaboradores (na altura não se designavam assim, bem entendido).O que é facto é que, apesar disso, persiste nas nossas empresas uma “síndrome canalha” que provoca a desmotivação e o alheamento, a que Adrian Gostick e Chester Elton atribuíram a designação de “empregado invisível”, e que tende a espalhar-se insidiosamente a ponto de poder constituir uma verdadeira epidemia. Os sinais epidemiológicos desta síndrome são descritos, pelos autores citados, nos seguintes termos: “Sentindo-se ameaçados, ignorados e não reconhecidos, os empregados invisíveis lutam com as únicas armas que controlam: escondem-se nos recantos sombrios, passam a vida a resmungar por tudo e por nada e são apenas suficientemente competentes para não serem despedidos”.Como é habitual em todas as síndromes, nesta os sinais clínicos também não são evidentes nas primeiras fases do desenvolvimento da “doença”; no entanto, e sendo o problema derivado da sensação de “invisibilidade” dos respetivos portadores, o que é facto é que os seus efeitos se vão tornando, a pouco e pouco, mas de um modo contínuo, cada vez mais visíveis.Chester Elton vem a Lisboa, no próximo dia 3 de outubro, justamente para nos explicar como combater esta síndrome, preferencialmente antes de ela se tornar doença declarada. Na sua conferência, baseada em vários anos de pesquisas que se encontram reportadas nos seus vários livros, escritos em parceria com Adrien Gostick, Chester explica e demonstra que a “construção de uma cultura de reconhecimento” constitui a melhor estratégia para “gerar grandes resultados”. Não sendo uma mensagem nova, o que é facto é que a ausência de uma verdadeira cultura de reconhecimento é um “problema velho” e só pode ser resolvido com processos de gestão que façam com que as pessoas se sintam, de facto, all in, se sintam realmente a participar num projeto que (também) é “delas” e que sejam capazes de atribuir um sentido mais amplo e mais estratégico às suas ações quotidianas.Constituindo-se a si próprio como exemplo, Chester consegue habitualmente uma grande visibilidade na sua presença em palco (ou em estrado…), caracterizada por uma energia que parece inesgotável e por um humor incisivo e provocador.No final, todos nós seguramente nos teremos conseguido rever nos variadíssimos exemplos que demonstram que, de facto, apesar das questões da motivação serem “problemas velhos”, é urgente encontrar pistas, “rumos novos”, para a sua superação. E estaremos melhor apetrechados para responder, mais crítica e lucidamente, a essa pergunta, tão inquietante quanto decisiva: Are we all in? Mário Ceitil | Managing Partner da Cegoc