Competências humanas para a era digital

Consultores Cegos

Como é que os nossos especialistas veem as futuras competências necessárias para a eficiência profissional?

Num ambiente de ritmo acelerado, é fundamental que as empresas de formação sejam ágeis para acompanhar as necessidades e expectativas dos formandos e, porventura, até antecipá-las. Desde a pandemia, num "novo normal" que muda todos os dias, quais são as competências-chave para a eficiência profissional?

Serão as necessidades de formação iguais entre diferentes gerações?

Para responder às questões sobre este tema, o Grupo Cegos reuniu um conjunto de 7 especialistas pertencentes a 5 países de 2 continentes (Cegos Expert Club), concluindo que eventualmente esta não seja a pergunta certa.

Talvez devêssemos então perguntar: Que competências de eficiência profissional precisam de ser desenvolvidaspara abranger todas as formas de inteligência e delas fazer uso para manter o foco num ambiente crescentemente desafiante?

Não se perca nas gerações

Segundo Susana André Alves, Coach Psicológica, Formadora e Professora Universitária em Portugal, as novas gerações lutam por uma maior autonomia no trabalho, quem sabe para lhes dar tempo para perseguir um propósito, um sentido para a vida. No entanto, de acordo com Gregory Gallic, Gestor de Oferta e Especialização da Cegos France, na maioria das vezes, esse propósito é encontrado fora da esfera laboral, pois o trabalho não é significativo para eles. De acordo com Dan Porto, Head of Coaching e Mentoring da Crescimentum no Brasil, isso impacta diretamente as taxas de envolvimento (usado em substituição do termo retenção que soa "como se estivéssemos a prender pessoas a uma cadeira") e, por sua vez, as competências de gestão e liderança e as abordagens de construção de equipas.

De acordo com Chiara Barbieri, DEIB Practice Leader na Cegos Italia, todas as gerações estão a passar pelos mesmos desafios, vindas de um contexto complexo. O ritmo tem aumentado em velocidade exponencial, e o ritmo acelerado é um problema para o ser humano em geral. Manter a atenção e a concentração em objetivos importantes está a tornar-se algo complicado de fazer. Neste contexto, a oferta de L&D tem de se adaptar aos hábitos de aprendizagem das novas gerações.

Ricardo Martins, CEO da Cegoc em Portugal, afirma: "É verdade que a nova geração aprende de uma forma completamente diferente. Eles vão ao YouTube e obtêm tudo o que precisam sem necessariamente pedir nada. Tendem a ser um pouco mais proativos, mas são menos sociais." Isso abriu novos caminhos para um dos tópicos clássicos da eficiência profissional: como construir relações e comunicar de forma eficaz no trabalho? Ricardo Martins prossegue: "Precisamos de pessoas que sejam capazes de chegar e comunicar. Portanto, a formação em eficiência profissional deve abordar estas questões: desenvolver em cada geração a capacidadede compreender a linguagem do outro e dar ferramentas para descodificar mutuamente as motivações e estímulos de cada um. Podemos ir ainda mais longe e implementar o "gentlemen worshipper" intergeracional, colocando cada geração a ensinar as competências que domina."

Mas, novamente, as competências de comunicação para o diálogo entre gerações não são um tema inteiramente novo. O desafio da segunda década do século XXI é comunicar com as máquinas, o ChatGPT e dispositivos/plataformas semelhantes. De acordo com Gregory Gallic, a questão de como comunicar com a Inteligência Artificial (IA) já não é uma excentricidade. É o novo hot topic da eficiência profissional: a IA generativa e a revolução do Assistente de Produtividade com as competências de IA de responsabilidade central, mas também as competências humanas para comunicar com a IA (Ricardo Martins). Segundo Dan Porto, temos de determinar como fazer as perguntas certas e, claro, a ética e a conformidade em torno desta nova forma crescente de inteligência coletiva.

Eficiência profissional num contexto híbrido: conectar e incluir

Fátima Gonçalves, Head of Talent & Innovation Head of Learning & Development Solutions da Cegoc em Portugal, refere: "A eficiência profissional num contexto híbrido passa por estar conectado e incluído. Estes serão os principais fatores de eficiência profissional a curto prazo”.

“Quando o contexto é híbrido, mas também vai ser um multiverso, a questão é: por que razão devo ir para o escritório para fazer o mesmo trabalho quando o poderia fazer melhor e mais eficazmente em casa? É quase como se a possibilidade de estar conectado (online) a qualquer momento fizesse com que as pessoas exigissem mais das suas interações humanas e da sua vida profissional. Não é exceção. O que pode fazer valer a pena a minha deslocação ao escritório?” (Ricardo Martins).

Neste sentido, o conceito de ligação é muito mais amplo do que a ligação digital (conexão). É a ligação colaborativa com a empresa e o grupo, mas também se centra no eu. Atualmente, não é fácil manter a atenção e a concentração (Chiara Barberi), e a resiliência interior é algo que temos mesmo de conseguir incorporar nas soluções que oferecemos (Nicki Spencer, Key Account Manager da Cegos UK).

Ficar calado não é menos perigoso do que desistir. Nós, enquanto indivíduos e profissionais, estamos distantes, distraídos e desmotivados. Para nos trazer de volta à terra, aos outros e à nossa empresa, a escuta ativa é uma competência que, realmente, temos de trabalhar enquanto indivíduos (Dan Porto). Além disso, as organizações devem abrir caminho para fomentar a empatia no seio da equipa (Ricardo Martins) e criar também relações de confiança (Nicki Spencer).

É importante ter em conta que os indivíduos ainda se debatem com este novo normal híbrido (Susana André Alves). Se é verdade que, por esta altura, a maioria já domina um conjunto específico de competências necessárias para trabalhar remotamente, não é menos verdade que um novo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ainda está a ser redefinido sob um sentido de urgência crescente (Dan Porto). As pessoas estão a tornar-se escravas das suas agendas (Susana André Alves). Mais uma vez, estes são os tópicos clássicos da eficiência profissional: gestão do tempo, preparação e condução de reuniões e definição de prioridades num novo contexto (Gregory Gallic).

Para além disso, não é de surpreender que seja fundamental criar um ambiente seguro e inclusivo (Nicki Spencer). Embora a inclusão e a diversidade desempenhem um papel importante no sucesso organizacional no mundo BANI e sejam amplamente consideradas como um requisito de civilidade e humanidade, ainda não estão totalmente adquiridas e, com certeza, não podem ser tomadas como garantidas.

Da mesma forma que um ambiente híbrido pode promover a inclusão, também pode contribuir para perpetuar as desigualdades de acesso ao trabalho e à educação; e a formação pode fazer pender a balança na direção certa.

Conclusões

O quadro da eficiência profissional está em constante mudança porque a tecnologia acelera cada interação. No entanto, existe a possibilidade das pessoas perderem o controlo não só da eficiência, mas também de si próprias.

O mundo em que vivemos mostra-nos uma espécie de paradoxo: à medida que a tecnologia se torna mais poderosa e generalizada, as competências humanas capacitadas são ainda mais relevantes e podem fazer uma diferença real.

Assim, neste quadro, podemos encontrar as competências clássicas relacionadas com uma boa organização pessoal, para além de competências novas e mais complexas.

Das diferentes contribuições e do diálogo perspicaz no Clube de Peritos, emergiram dois eixos principais de competências:

Competências para comunicar e aprender com todos

Competências de comunicação intergeracional para descodificar as motivações e os estímulos uns dos outros;

Linguagem de IA, para chatbots e outros assistentes com tecnologia de IA, e integrá-la no trabalho quotidiano.

Ligarmo-nos a nós próprios e aos outros

  • A capacidade de estar presente e concentrado para saber como definir prioridades e gerir a multitarefa, a atenção e o stress num ambiente de ritmo acelerado;
  • Fomentar a inclusão e o trabalho em equipa em diferentes funções e locais, promovendo um sentimento de pertença através de um conjunto partilhado de valores e objectivos.

Num futuro próximo, estas são as competências que irão potenciar a eficiência profissional. Se desejar saber como o Grupo Cegos o pode ajudar a desenvolver a eficácia profissional das suas equipas, por favor contacte-nos.

O que é o Clube de Peritos do Grupo Cegos?

O Grupo Cegos lançou recentemente as "sessões de brainstorming do Clube de Peritos", com o objetivo de proporcionar uma visão pedagógica, mas sem compromissos, sobre diferentes tópicos relacionados com a sua oferta de formação. O primeiro Clube de Peritos realizou-se virtualmente a 31 de março de 2023. Reuniu 7 especialistas do Brasil, França, Itália, Portugal e Reino Unido. O desafio consistia em ter uma discussão aberta em torno de dois tópicos diferentes:

  1. Qual é o significado da “eficiência profissional” para as diferentes gerações? Como é que a formação pode contribuir para a sua melhoria?
  • Após a pandemia, estamos de volta, mas será que somos os mesmos? Quais são as competências-chave necessárias para a eficiência profissional num contexto híbrido?

O artigo acima apresenta e discute as principais conclusões da sessão de março de 2023.

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