E-mails, smartphones, Internet, redes sociais: como evitar o consumo digital excessivo?
As ferramentas de informação e comunicação digital ocupam um papel de tal forma importante na nossa sociedade que podemos perguntar-nos como girava o mundo antes da era tecnológica. As ferramentas tecnológicas esbatem as distâncias e dão-nos um acesso ilimitado à maior biblioteca de informação de todos os tempos. Facilitam os nossos projetos e colocam-nos rapidamente em contacto com as pessoas de quem podemos precisar de ajuda.
Mas quando nos deixamos esmagar pelas suas “pequenas maravilhas”, podem tornar-se rapidamente um vício e fazer-nos perder um tempo colossal em detrimento de outras atividades mais importantes.
Como podemos então resistir a todas as maravilhas que as tecnologias nos proporcionam?
Evitar… ver tudo, saber tudo, tratar tudo!
A quantidade de informações contida na Web ou nas redes sociais é imensurável.
Uma pessoa conectada no Facebook, com uma média de 160 amigos e 100 ações geradas por amigo, é capaz de receber até 16.000 notificações por mês: mensagens, gostos, comentários, etc., mais de 500 por dia. A cada minuto são carregadas 72 horas de vídeo no YouTube. Uma vida não é suficiente para explorar tudo…
As nossas caixas de e-mail são influenciadas pela mesma tendência crescente. A organização matricial das empresas e os projetos transversais colocam-nos em contacto com um número elevado de pessoas e pertencemos a várias "listas de mailing" que nos fazem chegar informações constantemente. Graças aos nossos smartphones ou tablets somos abordados a qualquer momento e em qualquer lugar. O ritmo das discussões acelera e estende-se até tarde no nosso dia, especialmente porque a nossa atividade contribui para essa inflação. Quando respondemos diretamente às mensagens, desencadeamos muitas vezes uma nova avalanche de e-mails, tweets ou comentários de todo o género.
Mas o que nos faz dar resposta imediata a estas informações ou solicitações que vêm de todo o lado? Medo de perder alguma coisa (mantido por uma crença falaciosa). A ilusão que podemos - ou devemos! – estar ao corrente de tudo e responder a tudo. É impossível. Mas esta “verdade implacável” revela-se uma notícia muito boa porque nos dá o poder de escolher!
Ter um objetivo preciso
Se não podemos controlar a profusão das informações emitidas ou mensagens que nos são enviadas, mais ou menos diretamente, podemos, em contrapartida dirigir as nossas próprias ações para uma finalidade específica. Por exemplo, antes de nos lançarmos em pesquisas na Internet, podemos escrever numa folha o que queremos encontrar e porque precisamos desta informação. Isso ajudar-nos-á a focalizar os cliques no nosso objetivo.
É igualmente útil refletir sobre o posicionamento pessoal que desejamos ter nas redes sociais para uso profissional, como o Linkedin. Que objetivo pretendemos alcançar? Que projetos desejamos fazer avançar com o recurso das redes? Que imagem queremos dar de nós mesmos para promover a área profissional que escolhemos? Que competências queremos destacar? Quem queremos atingir? Quando estas perguntas estão claras na nossa cabeça, somos muito mais seletivos. Comentamos os artigos relacionados com a nossa experiência, mantemos a relação com as pessoas que estão relacionadas com os nossos projetos, etc.
Finalmente, a forte relação que temos com a nossa caixa de e-mail pode diminuir a nossa eficácia. Podemos ser tentados a querer a todo o custo esvaziar a nossa caixa de entrada. A mensagem eletrónica é apenas uma maneira de servir as nossas tarefas. O método CAP (Classificar – Analisar – Priorizar) é muito eficaz para nos ajudar a concentrar nos nossos objetivos profissionais e dar resposta ao que é mais prioritário e urgente.
Limitar o consumo
Apesar da consciência de que não podemos ver tudo nem tratar de tudo, apesar dos objetivos perfeitamente claros, pode-nos acontecer a manifestação de comportamentos viciantes: tentação de ver os e-mails a cada dez minutos, resposta imediata à atividade de fluxos nas redes sociais, desejo de consultar a Internet em qualquer ocasião, na rua, à noite com amigos, em família.
Ora, o consumo digital excessivo tem consequências sobre a nossa gestão do tempo.
O tempo gasto a utilizar os dispositivos e a navegar no mundo digital representam horas em que não estamos disponíveis para outra coisa. E as constantes distrações às quais estamos submetidos impedem-nos de estar totalmente presentes no que fazemos.
Sugestões para limitar o consumo digital excessivo
Experimente fazer um “detox digital”, escolha e execute uma ou várias ideias da lista abaixo, de forma permanente ou temporária:
- Desative os alertas de e-mails e redes sociais;
- Trabalhe em modo “off-line" durante o tempo de realização de uma tarefa;
- Opte por ter dois smartphones: um profissional (desligado à noite) e um pessoal;
- Vá para um local sem rede, durante um fim de semana;
- Fique uma noite por semana, sem consultar qualquer ecrã, totalmente atento ao que o rodeia, "na vida real";
- Limite o tempo dedicado às redes sociais, usando um temporizador (20 a 30 minutos de atividade por dia nas redes sociais são mais do que suficiente!);
- Estabeleça regras de consumo: "à primeira informação interessante no Twitter, paro!”.
Outra maneira de limitar o consumo digital é pensar sobre o que faria em alternativa… A visualização concreta de um cenário onde pratica uma outra atividade (por exemplo, um desporto), uma das quais, porventura, lamenta não ter tempo para fazer, é muito eficaz para dirigir o cérebro no alcance deste objetivo. Desta forma, pode desfrutar de cada momento, em plenitude.