O Paradoxo da Escolha: Desafios na Formação Organizacional

Nuno Marques SilvaStrategic Business Partner @ Cegoc
O Paradoxo da Escolha

"O Paradoxo da Escolha" é uma ideia explorada pelo autor Barry Schwartz, no seu livro: “The Paradox Of Choice - Why More Is Less”. A essência deste paradoxo sugere que, embora mais escolhas possam parecer oferecer mais liberdade e controlo sobre as nossas vidas, tal como nos é oferecido nos dias de hoje, com acesso a uma quantidade quase infinita de recursos de aprendizagem, como livros, cursos online, plataformas digitais de formação, vídeos, podcasts e muito mais, na realidade, um excesso de opções pode levar à paralisia e insatisfação.

Relembrando Peter Senge no seu livro "The Fifth Discipline: The Art & Practice of The Learning Organization", onde descreve as organizações que promovem e valorizam a aprendizagem continua em todos os níveis, desde a liderança até à base. São organizações que reconhecem que a aprendizagem continua é fundamental para a inovação e para o sucesso a longo prazo, não só do indivíduo, mas também das equipas e, em última instância, da organização onde estes estão inseridos.

Neste contexto, a abundância de escolha tal como referida por Barry Schwartz, pode representar um desafio para as organizações, especialmente quando se trata de implementar programas de formação e desenvolvimento. A oferta excessiva de opções de aprendizagem pode sobrecarregar os colaboradores, levando-os a perder o foco no que é essencial para o desempenho eficaz da sua função, para além de dificultar a implementação de uma cultura de aprendizagem continua eficaz, podendo criar um efeito negativo nos níveis de engagement e motivação das equipas.

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Para contornar este paradoxo e os perigos da abundância de escolha, recomenda-se que as equipas de formação e desenvolvimento sejam seletivas e estejam alinhadas com os objetivos da organização, adotando por exemplo, as seguintes práticas:

Curadoria de conteúdo

Ao invés de simplesmente oferecerem uma lista interminável de recursos de aprendizagem, muitas vezes numa lógica de self-learning mas sim, devidamente alinhadas com as necessidades reais de formação;

Ajudar os seus colaboradores a navegarem na abundância de opções

Fornecendo orientações claras sobre quais as competências a adquirir, técnicas e comportamentais, prioritárias para o sucesso individual e organizacional;

Implementar a figura de “Learning Business Partner

Para suportar os líderes, as equipas e os colaboradores na escolha dos recursos adequados por forma a mitigar a sobrecarga de opções.

Avaliação e feedback

Acompanhar a eficácia da formação e garantir a transferência das competências adquiridas para o local de trabalho, ajustando continuamente a estratégia de desenvolvimento.

A essência deste paradoxo sugere que, embora mais escolhas possam parecer oferecer mais liberdade e controlo sobre as nossas vidas, um excesso de opções pode levar à paralisia e insatisfação.

A complexidade e o contexto do atual ambiente organizacional, apresenta desafios significativos no que diz respeito ao desenvolvimento e aprendizagem contínua dos colaboradores e na sua transferência de conhecimento para as organizações. Se cruzarmos os dois conceitos: “Paradoxo da Escolha” e “Conceito das organizações que aprendem”, destacaria a importância crítica de abordar a abundância de opções de formação de maneira estratégica e eficaz.

A crescente disponibilidade de recursos de aprendizagem pode parecer uma bênção, pois oferece uma ampla gama de oportunidades para expandir os nossos conhecimentos. No entanto, como Schwartz observa, essa mesma abundância pode levar à paralisia na decisão e à insatisfação, particularmente quando não é gerida de forma adequada.

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As organizações que aspiram a tornarem-se verdadeiras "learning organizations" devem enfrentar esse paradoxo de forma proativa. Implica não apenas reconhecer os perigos da sobrecarga de escolha, mas também, adotar medidas concretas para os mitigar. Ao fazê-lo, as organizações não apenas maximizam o retorno do investimento em desenvolvimento de talentos, mas também, cultivam uma cultura de aprendizagem contínua e adaptativa, essencial para o sucesso num ambiente empresarial em constante evolução.

Em última análise, ao abordar o paradoxo da escolha na formação organizacional de maneira inteligente, clara e estratégica, as organizações podem transformar a complexidade em oportunidade, e a incerteza em vantagem competitiva. E como diz Schwartz no seu livro: More is less

Escrito por

Nuno Marques Silva

Licenciado em Gestão Financeira, com pós-graduação em Gestão de Pessoas e Mestrado em Design, Materiais e Gestão de Produto. Tem mais de 25 anos de experiência profissional, e possui competências transversais de gestão, em empresas multinacionais e nacionais de diversos setores, maioritariamente na indústria, onde assumiu vários projetos.

É docente na área de Recursos Humanos no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) e na Porto Business School (PBS). É também formador certificado em SPIN® Selling e Negociação pela Huthwaite International. Acessível e versátil, é um profissional maduro e moderno, com sólidos conhecimentos dos negócios e da realidade das organizações.

Atualmente desempenha funções na Cegoc como Strategic Business Partner, onde desenvolve projetos nas áreas de Executive Search, Talent Assessment, Formação, Teambuilding e Consultoria.

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