A necessidade de mudança é hoje repetida até à exaustão. Inovar é fundamental!
Contudo, num mundo em permanente e acelerada transformação fica, por vezes, a sensação que o mais difícil é sim consolidar a mudança, reorganizar processos e equipas, reorientar estrategicamente as organizações.
O custo da mudança
Qualquer mudança, para além de um risco, tem, sempre, associado um custo de adaptação à realidade que se quer implementar. Mudanças sucessivas, mudanças interrompidas, mudanças inconsequentes levam frequentemente ao desalinhamento estratégico, à confusão processual, à descrença e desmotivação de todos os envolvidos. Se deixa de haver entendimento, nem sempre “mudar o jogo” é a melhor estratégia. Quiçá, muitas vezes, a opção certeira passe por “manter o jogo”, por clarificar, por retirar informação excessiva, por diminuir o ruído, por simplificar processos e refocar nos objetivos estratégicos.
A inovação como quantidade
Uma boa forma de pensar estas questões é olhar para a inovação organizacional não só como uma “qualidade” mas também como uma “quantidade”. Desenvolver a capacidade de olhar para o presente da organização e, simultaneamente, para o futuro do contexto estratégico em que se insere e, só depois, determinar a “quantidade de inovação” a introduzir.
Na verdade, podemos estar agarrados a um passado de processos ineficientes e face a uma procura em declínio. O que fazer? Aumenta-se a quantidade de inovação, foca-se a atenção na “mudança do jogo” criando novos desafios, explorando outros sectores de atividade e/ou geografias alternativas.
E se houver desalinhamento, um “excesso de diferença” nos processos e nos objetivos, com falta de coesão e de identidade? Então, clarificam-se as regras de atuação, deixa-se para trás o que estiver a mais, tenta-se “manter o jogo”.
Convém não exagerar neste cuidado com a mudança e inovação, e muito menos tentar ver neste artigo uma justificação para manter o que não funciona, ou ainda aquilo que outrora funcionou mas já não produz os mesmos resultados ou deixará de funcionar em breve.
Difícil, difícil, de facto, é mudar o que funcionou, deu lucro, pagou salários, permitiu crescer e expandir, deu reconhecimento e nos deixou felizes. Contudo, como tantas empresas (e não só) sabem, ter funcionado muito bem no passado não é garantia de êxito no futuro. Pelo contrário… e, se tiverem dúvidas perguntem, por exemplo, a qualquer empresário do têxtil, vestuário ou calçado do Norte de Portugal.