Gestão de Pessoas no setor da Saúde

Maria João CeitilManaging Director FranklinCovey PT | Head of Integrated Solutions Cegoc

A pandemia de coronavírus provocou mudanças críticas ao setor de saúde, forçando organizações e forças de trabalho a evoluir numa velocidade impressionante.

À medida que os provedores de saúde enfrentam a tragédia humanitária da pandemia COVID-19, também enfrentam um desafio e um stress sem precedentes (individual e institucionalmente) em todo o mundo. A resposta imediata à crise está a causar mudanças substanciais em como e onde o atendimento é prestado, e em como são geridas as questões ligadas à saúde pública.

No meio de notícias de equipas de saúde a lutar para encontrar equipamentos de proteção individual suficientes para garantir a sua segurança, preocupações com suprimentos de ventiladores e pacientes a lutar pela vida em UCIs, são por vezes esquecidos os enormes desafios de gestão de recursos humanos neste setor.

A situação vivida hoje neste setor tem vindo a destacar uma série de problemas, desde a forma como as organizações de saúde operam, numa perspetiva de negócios, o medo, stress e angústia dos profissionais, até à falta de pessoal para enfrentar esta crise. Tudo isto deixa os líderes neste setor com decisões muito difíceis de tomar, e as áreas de RH com a difícil missão de manter uma força de trabalho produtiva, motivada e resiliente, capaz de combater o natural esgotamento que uma crise desta dimensão pode provocar.

A crise COVID-19 terá certamente um impacto a longo prazo no funcionamento das organizações de saúde, mas no imediato é de extrema importância que as áreas de RH nas organizações de saúde procurem focar a sua intervenção em alguns pontos chave:

Gestão de Stress e Burn Out

Se este é um tema que tem estado na ordem do dia em GRH, no que concerne à gestão de equipas remotas, do teletrabalho, e dos impactos emocionais que esta crise tem provocado nas pessoas, este assunto toma proporções completamente distintas no contexto do setor da saúde. Estes profissionais enfrentam diariamente situações extremamente delicadas do ponto de vista profissional, social e humano. É determinante que se olhe para esta questão com muita atenção e que as áreas de RH desenvolvam estratégias para apoiar os seus profissionais e ajudá-los a lidar com a gestão emocional que esta crise implica.

Promoção da Agilidade

Durante a pandemia, os profissionais de saúde níveis trabalham sob alta pressão e em situações de rápida evolução. As organizações de saúde precisam de desenvolver forças de trabalho flexíveis e processos que podem mudar e adaptar-se a qualquer cenário. O RH da área de saúde precisa de criar uma infraestrutura que permita aos profissionais alternar facilmente entre ambientes físicos e virtuais, e adaptar-se às mudanças sistemáticas dos processos e métodos de trabalho. Além disso, o aumento do atendimento virtual exige uma mudança na contratação e na formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde.

Comunicação

A todo o momento assistimos a novas informações e contra informações sobre os melhores métodos de combate ao vírus e estratégias de saúde pública. A gestão da comunicação é fundamental para garantir que chega a todos os profissionais de saúde a informação certa, no momento certo, que lhes permita agir dentro do melhor interesse para os pacientes, para o público em geral, e para as equipas diretamente envolvidas neste combate.

Certamente que a adoção de medidas centradas nestes temas não serão suficientes para dotar os profissionais de saúde de todas as competências que são necessárias para gerir a imensa crise que enfrentam, mas a valorização do fator humano é, sem dúvida alguma, um aspeto crucial que não deverá ser negligenciado e que, sendo bem gerido e reconhecido, produzirá efeitos muito positivos na difícil gestão do momento que vivemos.

Escrito por

Maria João Ceitil

Detentora de uma vasta experiência como Consultora e Formadora nos domínios de Gestão de Recursos Humanos, Gestão da Performance Organizacional e Executive Coach.

Ao nível da formação superior, possui um Mestrado Integrado em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), um Mestrado em Gestão do Potencial Humano pelo Instituto Superior de Gestão (ISEG) e uma Pós-Graduação em Gestão dos Recursos Humanos, na Perspectiva da Gestão com as Pessoas, pela Universidade Lusófona.

Possui também diversas certificações e formações, nomeadamente a Certificação em Executive Coaching pela Escola Europeia de Coaching de Lisboa, a certificação em Dynamic Coaching pela Go4 Consulting e a Formação Pedagógica Inicial de Formadores pela CEGOC.

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