A revista Pessoas celebrou o seu 2º aniversário com a conferência online"Trabalho, esse lugar estranho", que abordou as profundas transformações no mundo de trabalho (e na forma como trabalhamos) decorridas após o surto pandémico de 2020.
Durante a manhã de 30 de março, vários especialistas, líderes e gestores exploraram os principais desafios e oportunidades trazidos pelo último ano ao nível da gestão de pessoas e das práticas de liderança – entre eles, Ana Tereza Maçarico, Huthwaite International Project Manager for Portugal Associated with CEGOC, que integrou o painel “As skills dos novos líderes: quem são, de que maneira a pandemia os mudou e como eles vão mudar o mundo e as empresas?”.
Ao longo de várias intervenções, Ana Tereza Maçarico partilhou as seguintes ideias-chave:
- A nova realidade gerou novas rotinas, necessidades e competências: Nos primeiros meses de pandemia as pessoas ficaram em stand by, achando que tudo iria voltar ao normal. Mas a partir do momento em que todos percebemos que esta situação não seria passageira, surgiu uma “avalanche” de necessidades e de procura por novas competências digitais, de comunicação em ambiente digital, de formação, liderança e vendas – porque é este o core das empresas. Também os próprios clientes começaram a assimilar novas rotinas, compreendendo agora, por exemplo, que não se façam 4h de viagem (como antes) para comparecer a uma reunião de 1h que afinal pode ser virtual.
- Em teletrabalho observámos dois mundos de liderança paralelos: Por um lado, assistimos a um aumento de controlo causado pelo teletrabalho e a realidade não presencial – e aqui falamos de abordagens de liderança muito tradicionais, que geraram colaboradores muito cansados e advieram de organizações com falta de definição de objetivos, de propósito e de empowerment. Por outro lado, houve líderes e gestores que conseguiram entender que uma postura controladora ía funcionar no virtual, permitindo que as suas pessoas trabalhassem com mais autonomia, propósito claro e uma energia e alegria acrescidas.
- Os tempos voláteis que vivemos não aconselham decisões definitivas: A incerteza e ambiguidade do contexto que atravessamos leva a que não saibamos comovai ser a realidade daqui a um ou dois anos. Daí que decisões muito arrojadas como “Vamos acabar com o escritório” ou “Ninguém vai para casa e fica tudo no escritório” sejam perigosas. Esta não é uma boa altura para decisões extremas e estanques, é antes altura de agarrar tudo o que vem com otimismo e de aprender muito.
- A mudança é inevitável e a aprendizagem intencional é a chave para nos adaptarmos a ela: Chegou a altura de deixarmos de olhar para o novo, porque o novo já é uma realidade. Agora o que importa é pensarmos na adaptação à mudança, com resiliência, abertura, aprendizagem. É nisto que as empresas, sobretudo as mais conservadoras, têm de pensar – o que vão fazer daqui a 5 anos quando olharem para trás e verificarem que não passaram pelo processo de transformação necessário para sobreviver e vencer no futuro.
- A compaixão como competência crítica de liderança: Para além de uma forte empatia,a pandemia fez crescer em muitos líderes um forte sentimento de compaixão pelo outro – não no sentido de “ter pena de”, mas no seu verdadeiro sentido etimológico “ter paixão por”. Passámos a preocupar-nos mais pelos colaboradores com filhos em casa, com os que cuidam dos pais, com quem teve familiares com COVID… Atingimos níveis de compaixão genuínos que não se verificavam antes e isso veio inclusivamente dar um novo significado ao que verdadeiramente significa ser líder.
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