Atualmente quase todas as empresas usam a palavra inovação, seja como um dos seus valores, seja nos seus websites, seja nas suas apresentações a clientes ou quaisquer outras. Está mesmo a dar-se um efeito paradoxal, pois todos falam de inovação, o que não parece ser muito criativo... nem inovador.
Criatividade e Inovação: na moda...
Sou mesmo levado a pensar que muitas vezes as palavras que se tornam ‘moda’ são usadas sem que haja a devida reflexão sobre o seu significado e sobre o que implicam. Estas são apenas exemplos, pois há muitas mais expressões em uso nesta ‘categoria da moda’, como ‘user experience’ ou ‘digital transformation’, para nos limitarmos a mais duas.
Assim, que tal começarmos com um breve léxico, da criatividade à inovação e onde podemos ainda incluir a invenção?
• Criatividade – a capacidade ou ato de conceber algo original ou pouco habitual
• Inovação – a implementação de algo novo
• Invenção – a criação de algo único e que nunca existiu
Nota: a invenção nem sempre é fundamental!
Já estão a pensar que eu acho que nada disto é importante, pois apelidei as palavras como sendo da moda! Não! Antes pelo contrário. Esta questão da inovação é muito importante, mas é preciso atuar e não nos limitarmos a falar.
Aptidões criativas e competências na área da inovação são fundamentais!
Sem dúvida que aptidões criativas e competências na área da inovação são fundamentais nas empresas modernas, que se querem distinguir positivamente de outras nos seus setores de atividade, sendo crucial procurar pessoas com essas aptidões e estimular o desenvolvimento dessas competências nas equipas.
- E será que tudo isto pode ser feito desordenadamente nas organizações modernas?
- Será que basta dar sinal de que a empresa agora tem o valor “inovação” na sua génese, dar liberdade aos colaboradores para se juntarem em sessões de brainstorming – com ou sem post-its, suportar e encorajar estas iniciativas e tudo acontece?
- Ou será que, mesmo nestas áreas, é preciso ter métodos e processos para capturar ideias, analisar e entender diferentes perspetivas e alcançar forte convergência depois das fases de divergência, testar os conceitos e conseguir obter frutos, aumentar a produtividade e garantir elevados níveis de competitividade?
Pelo que tenho visto ao longo do tempo, a resposta é que é indispensável manter a criatividade organizada, como forma de assegurar inovação útil, seja ela incremental ou disruptiva.
É aqui que aparecem outras expressões da ‘moda’. Vou usar como exemplo esta de difícil tradução: ‘Design Thinking’.
Design Thinking para inovar...
E há uma história que não deixa de ser curiosa, por isso vou contá-la:
Há uns três anos atrás estive dois dias a preparar uma equipa, numa organização em Portugal, para um projeto inovador. Começámos por fazer dois dias de formação em design thinking, mais precisamente em service design pois tratava-se de inovar em serviços e não em produtos, para que toda a equipa ficasse por dento do método e partilhasse uma linguagem comum.
O meu grande espanto foi que, ao fim de dois dias, e assim que pegámos numa situação real, algumas pessoas da equipa ainda estavam à procura de um processo sequencial único e que lhes servisse para trabalhar cada desafio, como se houvesse uma receita mágica para lidar com a criatividade e transformá-la em inovação.
Após ter reforçado – mais uma vez - a ideia de que o service design é uma estratégica composta por um conjunto de métodos e processos iterativo e interativo e que, consoante se trabalha uma ideia nova - para testar a sua viabilidade, ou procuramos uma solução para um desafio ou problema - para testar soluções, temos que criar um processo adequado à situação, testá-lo e reformulá-lo se necessário. Sabem o que ouvi?
Disseram-me: “Mas isso obriga-nos a pensar!”.
Que maçada, para sermos inovadores temos que ser criativos, estimulados, incentivados, organizados, temos que estar motivados e ainda temos que pensar!
Formação sugerida: