A “marcha” das equipas de elevada performance
Nos tempos em que vivemos é praticamente impossível não fazer parte de uma equipa. Mesmo que não pertença a uma equipa de trabalho formal trabalha certamente de uma ou de outra forma com vários interlocutores.
A “Marcha dos Pinguins” é um documentário do biólogo Luc Jacquet, sobre uma parte da vida dos pinguins-imperadores, que nos mostra, de forma absolutamente inspiradora, a importância da equipa para o alcance de resultados.
A cada inverno, no coração do Ártico, milhares de pinguins-imperadores deixam a segurança do oceano e dirigem-se para terra, iniciando assim uma longa marcha rumo ao local de acasalamento e reprodução da espécie.
Para conseguirem aguentar o frio e manterem-se quentes até chegarem ao seu destino, os pinguins mantêm-se parados a maior parte do tempo e a cada 30/60 segundos, um pinguim ou um grupo deles começa a mover-se aos poucos, fazendo com que os pinguins das pontas se movam, dando origem a um movimento que atravessa o grupo como uma onda. Enquanto a onda atravessa a frente do grupo, alguns dos pinguins que estão no seu interior vão passando para fora.
Embora seja praticamente impercetível a olho nu, estes movimentos coordenados e subtis dos pinguins têm um impacto enorme em toda a estrutura do grupo e no resultado final. Cada pinguim utiliza as ondas de movimentos para alternar a sua posição, partilhando assim o calor e dando a possibilidade a TODOS de se manterem quentes e de alcançarem o seu propósito: a sobrevivência da espécie.
De forma espontânea, os pinguins trabalham efetivamente em equipa (Katzenbach & Smith, 1993; Proehl, 1997):
- Estão unidos em torno de um propósito comum (e neste caso, unidos no sentido literal do termo!);
- Adotam métodos comuns e são solidariamente responsáveis;
- Batalham pela sua conquista de forma coesa e persistente (objetivos comuns geram coesão);
- Respeitam-se entre si: uns não se sobrepõem aos outros, mas antes cooperam, aproveitando o contributo de cada um para o resultado final.
Podemos fazer várias leituras da “Marcha dos Pinguins”, mas fundamentalmente pretendo destacar a ideia de que enquanto equipa não existimos sem o desempenho de cada um, o que significa que a equipa será tanto mais forte, quanto mais fortes forem os seus elementos. E essa força assenta, na minha perspetiva, em 5 disciplinas essenciais à construção das grandes equipas:
- Comprometimento
- Sem envolvimento não há compromisso e só com o compromisso de cada um se consegue a verdadeira valorização da equipa. A clarificação do propósito da equipa e a declaração explícita do que é preciso fazer para alcançar o objetivo, fomenta o comprometimento da equipa (Lisa J. Daniel & Charles R. Davis, 2009).
- Contributo
- Esta disciplina só é possível com o comprometimento de cada elemento em dar o seu melhor e gerar um valor acrescentando à equipa. Para isso é fundamental que cada um saiba exatamente o que tem de fazer e para quê, para que todos assumam os seus papéis e responsabilidades tendo sempre em mente o resultado global.
- Conhecimento
- O conhecimento é importante deste que as outras disciplinas estejam presentes. O conhecimento deve ser verdadeiramente partilhado, isto é, colocado ao serviço da equipa.
- Conectividade
- Construímos a nossa individualidade com e através dos outros, portanto uma equipa será tanto mais performante quanto mais conseguir estabelecer conexões e “ter o mundo na ponta dos dedos”. As conexões que a equipa estabelece permitem a cada elemento incorporar as diferenças e transformar as suas práticas, enriquecendo deste modo a equipa.
- Cocriação
- Cocriar significa criar em conjunto, cooperar. É verdadeiramente a dimensão da sinergia. Só através da cooperação é que a equipa consegue maximizar os seus resultados e para isso é importante que a equipa seja capaz de estabelecer as relações necessárias para valorizar o trabalho em equipa. Esta disciplina é vital para que cada elemento possa contribuir para os outros crescerem também.
Estas 5 disciplinas constituem-se desta forma como fatores críticos de sucesso, através dos quais as organizações maximizarão as diferenças e os contributos individuais, com vista ao alcance das suas vantagens competitivas.
Ao trabalharmos em equipa tornamo-nos mais produtivos, realizamos um trabalho de qualidade superior, temos níveis de satisfação mais elevados e tudo isto tem como output resultados de desempenho, respostas mais rápidas e eficazes em ambientes adversos, o crescimento pessoal e profissional dos elementos da equipa e naturalmente, a satisfação dos nossos clientes.
E você está preparado para marchar como os pinguins?