A “marcha” das equipas de elevada performance

Silvia VarãoResponsável pela área de Desenvolvimento Pessoal e Profissional

Nos tempos em que vivemos é praticamente impossível não fazer parte de uma equipa. Mesmo que não pertença a uma equipa de trabalho formal trabalha certamente de uma ou de outra forma com vários interlocutores.

A “Marcha dos Pinguins”  é um documentário do biólogo Luc Jacquet, sobre uma parte da vida dos pinguins-imperadores, que nos mostra, de forma absolutamente inspiradora, a importância da equipa para o alcance de resultados.

A cada inverno, no coração do Ártico, milhares de pinguins-imperadores deixam a segurança do oceano e dirigem-se para terra, iniciando assim uma longa marcha rumo ao local de acasalamento e reprodução da espécie.

Para conseguirem aguentar o frio e manterem-se quentes até chegarem ao seu destino, os pinguins mantêm-se parados a maior parte do tempo e a cada 30/60 segundos, um pinguim ou um grupo deles começa a mover-se aos poucos, fazendo com que os pinguins das pontas se movam, dando origem a um movimento que atravessa o grupo como uma onda. Enquanto a onda atravessa a frente do grupo, alguns dos pinguins que estão no seu interior vão passando para fora.
 
pinguin
 
Embora seja praticamente impercetível a olho nu, estes movimentos coordenados e subtis dos pinguins têm um impacto enorme em toda a estrutura do grupo e no resultado final. Cada pinguim utiliza as ondas de movimentos para alternar a sua posição, partilhando assim o calor e dando a possibilidade a TODOS de se manterem quentes e de alcançarem o seu propósito: a sobrevivência da espécie.
 

De forma espontânea, os pinguins trabalham efetivamente em equipa (Katzenbach & Smith, 1993; Proehl, 1997):

    • Estão unidos em torno de um propósito comum (e neste caso, unidos no sentido literal do termo!);
    • Adotam métodos comuns e são solidariamente responsáveis;
    • Batalham pela sua conquista de forma coesa e persistente (objetivos comuns geram coesão);
    • Respeitam-se entre si: uns não se sobrepõem aos outros, mas antes cooperam, aproveitando o contributo de cada um para o resultado final.

     

Podemos fazer várias leituras da “Marcha dos Pinguins”, mas fundamentalmente pretendo destacar a ideia de que enquanto equipa não existimos sem o desempenho de cada um, o que significa que a equipa será tanto mais forte, quanto mais fortes forem os seus elementos. E essa força assenta, na minha perspetiva, em 5 disciplinas essenciais à construção das grandes equipas:5 disciplinas

  1. Comprometimento
    • Sem envolvimento não há compromisso e só com o compromisso de cada um se consegue a verdadeira valorização da equipa. A clarificação do propósito da equipa e a declaração explícita do que é preciso fazer para alcançar o objetivo, fomenta o comprometimento da equipa (Lisa J. Daniel & Charles R. Davis, 2009).
  2. Contributo
    • Esta disciplina só é possível com o comprometimento de cada elemento em dar o seu melhor e gerar um valor acrescentando à equipa. Para isso é fundamental que cada um saiba exatamente o que tem de fazer e para quê, para que todos assumam os seus papéis e responsabilidades tendo sempre em mente o resultado global.
  3. Conhecimento
    • O conhecimento é importante deste que as outras disciplinas estejam presentes. O conhecimento deve ser verdadeiramente partilhado, isto é, colocado ao serviço da equipa.
  4. Conectividade
    • Construímos a nossa individualidade com e através dos outros, portanto uma equipa será tanto mais performante quanto mais conseguir estabelecer conexões e “ter o mundo na ponta dos dedos”. As conexões que a equipa estabelece permitem a cada elemento incorporar as diferenças e transformar as suas práticas, enriquecendo deste modo a equipa.
  5. Cocriação
    • Cocriar significa criar em conjunto, cooperar. É verdadeiramente a dimensão da sinergia. Só através da cooperação é que a equipa consegue maximizar os seus resultados e para isso é importante que a equipa seja capaz de estabelecer as relações necessárias para valorizar o trabalho em equipa. Esta disciplina é vital para que cada elemento possa contribuir para os outros crescerem também.

     

Estas 5 disciplinas constituem-se desta forma como fatores críticos de sucesso, através dos quais as organizações maximizarão as diferenças e os contributos individuais, com vista ao alcance das suas vantagens competitivas.

Ao trabalharmos em equipa tornamo-nos mais produtivos, realizamos um trabalho de qualidade superior, temos níveis de satisfação mais elevados e tudo isto tem como output resultados de desempenho, respostas mais rápidas e eficazes em ambientes adversos, o crescimento pessoal e profissional dos elementos da equipa e naturalmente, a satisfação dos nossos clientes.

E você está preparado para marchar como os pinguins?

Escrito por

Silvia Varão

Licenciada em Psicologia Social e das Organizações e pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos pelo ISCTE.
Responsável pela área de Desenvolvimento Pessoal e Profissional
Autora do livro “Gestão dos Recursos Humanos para Principiantes”, – ed. Sílabo, 2009.

Sou consultora/formadora nas áreas de Desenvolvimento Pessoal e Profissional, Liderança Equipas e Gestão do Capital Humano.
As minhas principais áreas de intervenção são Gestão do Tempo, Comunicação, Assertividade, Gestão de Conflitos e Formação Pedagógica de Formadores.

Na área de Gestão do Capital Humano tenho trabalhado em projetos de consultoria no desenvolvimento e implementação de Sistemas de Gestão do Capital Humano.
Integrei a Cegoc em 2001 e o meu percurso nesta empresa tem sido muito enriquecedor devido à multiplicidade de projetos nos quais tenho participado.

Entendo este blog como uma excelente oportunidade para partilhar ideias e as muitas experiências que tenho tido o privilégio de viver no exercício da minha atividade.

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