A minha partilha hoje tem um nome estranho: Rajneeshpuram, nome real de uma cidade criada no estado do Oregon, nos EUA, no início dos anos 80 do século XX, por um grupo de pessoas seguidoras de um guru de nome Bhagwan. O interessante aqui para a minha reflexão de hoje não é a questão religiosa, mas antes o tema da diversidade e da inclusão.
A terra mais próxima desta cidade (Antelope) era povoada por americanos que viviam da agricultura num total de 60 pessoas. A cidade de Rajneeshpuram trouxe 6000 residentes oriundos de todas as partes do mundo e que chegavam a ser 15 000 no Festival anual da cidade. Este caso é notável e fundamental para se pesquisar e aprender como é que muitas pessoas diferentes interagem ou não com outras pessoas muito iguais, e como é extremamente difícil para as lideranças gerirem a questão da diversidade.
Outro caso real e muito interessante é o da extinta BIOSFERA2. A experiência consistia em colocar num espaço relativamente pequeno no deserto do Arizona, oito pessoas de diversas origens e competências de modo a conseguirem ser auto - suficientes na produção de energia e alimentação, como forma de testar o futuro das longas viagens espaciais.
A conclusão foi de facto muito clara: emocionalmente uma desgraça, porque o desentendimento entre os seus participantes entre outros fatores, levou ao fracasso da experiência. Parece assim curioso saber que o problema das viagens espaciais não será tanto a questão da tecnologia, mas antes do como garantir que os membros da tripulação se entendam num espaço fechado por um longo período de tempo. A resposta é teoricamente fácil, mas concretamente difícil: apenas com lideranças de excelência se consegue transformar Diversidade em Inclusão. E qual é a diferença ente as duas?
Como alguns autores já escreveram, Diversidade é uma realidade, mas a Inclusão é uma escolha. E isso faz toda a diferença. Para existir inclusão é necessário o papel ativo e decisivo das lideranças porque de outra forma as organizações terão sempre Diversidade como algo “ nice to have” mas muitas vezes isso esconde a ausência de verdadeira inclusão. É muito difícil de se conseguir porque se trata mesmo das lideranças “remarem contra a maré”.
Os CEO pedem pessoas diferentes, mas são os primeiros a ter muita dificuldade em lidar com a diversidade.
Tentem por exemplo, numa Cultura Organizacional conservadora e clássica onde o fato e gravata para os homens é a norma, admitir alguém que nunca vem de fato e vai ás reuniões vestido “smart casual”. Pode ser brilhante, tecnicamente genial, emocionalmente maduro, mas terá muita dificuldade em não ser olhado de lado pelos outros.
A inclusão não é uma moda.
Diversos estudos recentes comprovam que quanto mais inclusiva é uma organização, melhores são os seus resultados financeiros. É urgente que as lideranças lutem pela inclusão porque só depende de nós e é sempre uma Escolha.