Liderar em silêncio: O poder invisível dos Quiet Leaders

26 de agosto de 2025
Escrito por Ana Honrado

Ao longo dos programas de liderança que promovo, há um padrão que se repete.

Sempre que falamos sobre presença, influência e impacto, há alguém, mais introvertido, mais discreto, mais reflexivo que pergunta: "Mas será que é só esse estilo que serve para liderar?"

A verdade é que durante anos, habituámo-nos à imagem do líder carismático, firme, assertivo e por vezes dominador, que entra na sala e atrai imediatamente todos os olhares. Era assim que se definia liderança: projeção, visibilidade, voz presente em todas as decisões.

Mas o mundo mudou, está sempre a mudar! E com ele, ampliou também o que procuramos nos líderes. O mundo do trabalho tornou-se mais complexo, mais digital, mais humano e, paradoxalmente, mais silencioso. E é nesse silêncio que emerge uma nova força: a dos Quiet Leaders.

Um novo tempo, uma nova liderança

Se pensarmos neste tema, ele não surge por acaso. É uma resposta clara a várias transformações sociais e organizacionais que marcam o nosso tempo. Podemos levantar algumas hipóteses:

  1. Cansaço do líder superestrela
    As pessoas querem líderes presentes, não omnipresentes. A fadiga digital acelerou o desejo por relações de liderança mais genuínas, menos centradas na exposição constante.
  2. Inteligência emocional como fator crítico de sucesso:
    Ser capaz de escutar, compreender, criar confiança e estabilidade emocional tornou-se um dos maiores diferenciadores na liderança. E os quiet leaders dominam essa arte.
  3. Inclusão de perfis diversos:
    Durante demasiado tempo, confundimos liderança com extroversão. Mas há talento nos bastidores, pessoas ponderadas, discretas, mas altamente eficazes. Ao dar espaço aos quiet leaders, abrimos caminho a uma liderança mais plural e mais justa.
  4. Ambientes híbridos e digitais:
    O modelo atual de trabalho exige líderes que saibam equilibrar autonomia com suporte, sem cair na microgestão. Queremos pessoas que liderem com clareza e estrutura, não com ruído
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Mas quem são, afinal, os Quiet Leaders?

Pensar no Tim Cook da Apple, na Satya Nadella da Microsoft ou em Jacinda Ardern, ex primeira ministra da Nova Zelândia, é pensar em perfis que apesar das suas diferenças, têm em comum a capacidade de liderar sem dominar.

São Quiet Leaders, líderes que não precisam de palco para ter impacto. Não falam mais alto, escutam melhor. Não se impõem, influenciam. Não se colocam no centro, constroem o centro à volta da equipa.

Muitas vezes, são confundidos com introvertidos, mas ser quiet leader não é ser calado ou passivo. É ser intencional, ponderado, com um foco apurado nas pessoas e no contexto. É liderar com profundidade.

Como competências chave desta nova liderança, identificamos:

  • Escuta ativa e empatia estratégica
  • Decisão ponderada com coragem de agir
  • Clareza na comunicação, mesmo que com menos palavras
  • Criação de espaços psicológicos seguros
  • Consistência e integridade na ação
  • Capacidade de colocar o "nós" antes do "eu"

Mas sabemos, que num perfil mais silencioso, nem tudo são facilidades, pois por vezes os quiet leaders podem ser mal interpretados, como sendo “pouco presentes” ou no limite “sem pulso”. O risco de invisibilidade é real. Mas é também por isso que é urgente redefinir o que valorizamos numa liderança eficaz e estar abertos a novas formas de liderar.

Reconhecer o valor dos Quiet Leaders não significa desvalorizar quem lidera com mais energia, expressão ou visibilidade. O que está em causa não é substituir um estilo por outro, mas ampliar o nosso entendimento sobre o que significa liderar bem.

Há espaço e necessidade para diferentes vozes na liderança. A força está precisamente na diversidade de estilos. E, neste momento, é fundamental dar visibilidade a uma forma de liderar mais silenciosa, mas que pode ser profundamente eficaz.

Porque liderar não tem de soar sempre da mesma maneira. O que importa é o impacto e esse pode vir tanto da palavra certeira como do silêncio que dá espaço aos outros para crescer.

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Na Cegoc trabalhamos diariamente com líderes que têm perfis e estilos muito distintos. Este reconhecimento é essencial para criar ambientes onde cada pessoa pode liderar de forma autêntica e gerar impacto real. Se este tema ressoou consigo, pode explorar mais sobre liderança adaptativa e desenvolvimento de competências nos nossos programas de Management e Liderança.

E você? Já se cruzou com um Quiet Leader que o marcou? Ou é um deles?

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Escrito por

Ana Honrado

Com mais de uma década de experiência em consultoria de RH e coaching, Ana é uma profissional distinta no campo da Psicologia Clínica e Gestão de Recursos Humanos. Formada em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada e com um Mestrado em Psicologia da Saúde pelo mesmo instituto, tem aprofundado o seu conhecimento e prática em áreas críticas de desenvolvimento humano e organizacional.

 Desde 2008, lidera projetos de formação, desenvolvimento e coaching, ajudando a moldar as estratégias de RH de várias empresas reconhecidas a nível nacional e internacional. É especialista em Formação Comportamental, incluindo liderança, motivação, trabalho em equipa, gestão de emoções, stress e conflitos. Estas competências permitem-lhe implementar programas eficazes que promovem a excelência e o bem-estar nas organizações.

É também certificada em Coaching pela Federação Internacional de Coaching (ICF) e possui um Certificado de Competências Pedagógicas (CCP), o que reforça seu compromisso com práticas de ensino e desenvolvimento profissional de alto padrão.

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