Três Elementos de Verdadeira Motivação
“Os velhos modelos estão esgotados. (…) Construída ao longo de cinco décadas de ciência social, esta nova perspetiva usa a Autonomia, a Mestria e o Propósito como um novo percurso para a performance de excelência. Como poderão confirmar por vós mesmos, desafiar as ortodoxias instaladas não é só uma questão de entusiasmo pelo novo e o diferente. Hoje, é a única forma de sobreviver.”
Daniel H. Pink
Neste texto, apresento os três elementos da verdadeira motivação – autonomia, mestria e propósito. Para uma melhor compreensão do tema, valerá a pena uma leitura atenta do artigo Motivação: Um novo sistema operativo, onde são apresentados os 3 modelos de motivação: Motivação 1.0, Motivação 2.0 e Motivação 3.0.
Três elementos da motivação
Vejamos agora sobre os três elementos da motivação, também designados de três "drives 3.0" e que constituem a Motivação 3.0:
- Autonomia: O desejo de autodirigir o nosso trabalho e as nossas vidas;
- Mestria: O desejo de nos tornarmos melhores em domínios relevantes;
- Propósito: O desejo de fazer o que fazemos ao serviço de uma causa maior.
Autonomia
O nosso “sistema de controlo” está vocacionado para ser autónomo e autodirigido. Infelizmente, circunstâncias várias, entre as quais algumas conceções desatualizadas de gestão, conspiram para alterar esse sistema de controlo e reenviar-nos do Tipo I* para o Tipo X**. Para encorajar os comportamentos do Tipo I, e a performance de alto nível que potencializam, o primeiro requisito é a Autonomia. As pessoas precisam de autonomia funcional (o que fazem), temporal (quando fazem), e técnica (como fazem).
As empresas que oferecem Autonomia aos seus colaboradores apresentam melhores níveis de performance do que os seus concorrentes.
Mestria
Enquanto a Motivação 2.0 requeria conformidade, a Motivação 3.0 suscita envolvimento. Só através de um forte envolvimento se pode alcançar a Mestria – ser sempre melhor em qualquer domínio relevante. A perseverança e a tenacidade para alcançar a Mestria, uma parte fundamental, embora por vezes adormecida, da terceira Drive, tornou-se algo de essencial para progredir no contexto económico atual.
A Mestria começa com o “flow”- o sentimento de viver uma “experiência ótima”, que ocorre quando nos sentimos apetrechados para responder com sucesso aos diferentes desafios que enfrentamos. Assim, as empresas inteligentes sabem dosear a quantidade e a qualidade das exigências que cometem aos colaboradores, nem exageradamente difíceis, nem demasiado fáceis, de modo a garantir a fruição frequente de “estados subjetivos positivos”. Mas a Mestria também se sustenta com três regras mais específicas:
- Mestria é uma mindset: requer a capacidade para perspetivar as próprias capacidades como algo que se renova em permanência;
- Mestria é um desafio duro: exige esforço, coragem e prática deliberada.
- Mestria é uma assimptota: é impossível concretizá-la totalmente, o que a torna simultaneamente frustrante e sedutora.
Propósito
É da natureza dos seres humanos procurarem um propósito – uma causa maior e mais perene do que eles próprios. Mas as empresas tradicionais consideraram, durante muito tempo, o propósito como uma coisa ornamental, um acessório bonito mas sem um real valor para a gestão. Mas essa ideia tem vindo a mudar rapidamente.
Na Motivação 3.0 a maximização do Propósito assumiu um lugar destacado na linha da frente dos grandes temas da gestão, como uma aspiração profunda das pessoas e um princípio orientador fundamental para se ter sucesso nos negócios.
No seio das organizações, este novo “motivo de propósito” expressa-se de três formas:
- Em objetivos que consideram o lucro como um meio para alcançar o propósito
- Em palavras que enfatizam mais do que o interesse próprio
- Em políticas que permitem às pessoas construir o propósito nos seus próprios termos.
Este movimento de conjugação da maximização do lucro com a maximização do propósito, tem o potencial para reinventar as formas tradicionais de gerir as empresas e obter sucesso nos negócios.
“Nada é mais importante para o meu sucesso do que ser dono do meu próprio tempo. Sou mais criativo das cinco às nove da manhã. Se eu tivesse um chefe, ou trabalhasse com outras pessoas, eles haviam de estragar os meus melhores momentos, de uma forma ou de outra”.
Scott Adams, criador de Dilbert