
A revolução tecnológica, com início nas décadas de 1980 e 1990 e que opera ainda a todo o gás, é responsável pela alteração do paradigma na maioria dos setores da sociedade contemporânea. A área da formação profissional não escapa, naturalmente, a estas transformações e é na Adaptive Learning (Aprendizagem Adaptativa, em português) que reside uma das principais inovações deste campo particular. Podemos descrevê-la, grosso modo, como o desenvolvimento de mecanismos que potenciam competências tendo por base as necessidades particulares dos indivíduos. Mas, para se entender realmente esta ferramenta crucial para o futuro da aprendizagem, é necessário que nos debrucemos sobre algumas particularidades importantes.
Uma aprendizagem feita à medida
Ainda que a Aprendizagem Adaptativa esteja na ordem do dia em virtude dos desenvolvimentos recentes no setor da Inteligência Artificial, a discussão sobre a criação de procedimentos que permitam o ajuste de conteúdos, estratégias e ritmos de aprendizagem às necessidades específicas de cada indivíduo não é nova. A título de exemplo, a investigação de Peter Honey e de Alan Mumford, em 1986, ilustra a relevância que o tema assume há várias décadas. Mas não foram os únicos. A vasta literatura existente é consensual quanto à necessidade de criação de métodos de aprendizagem feitos à medida de quem a recebe, libertando a transmissão de conhecimentos das amarras dos métodos tradicionais, onde todos, invariavelmente, são alvo do mesmo plano de formação.
Na Cegoc integramos este conceito nos nossos programas de Digital Learning, utilizando Adaptive Learning para personalizar percursos de formação, ajustando conteúdos e metodologias ao perfil e desempenho de cada formando. Através de IA aplicada à aprendizagem, é possível criar experiências mais eficazes, aumentando a retenção e o impacto da formação nas organizações.
Método operacional
Chegados a este ponto, é importante explicar de forma breve de que modo funciona a Aprendizagem Adaptativa especificamente neste novo contexto de desenvolvimento da IA. Podemos identificar três fases distintas no processo: primeiro, o facto de estarmos munidos com ferramentas tecnológicas permite que a análise das respostas, do progresso e do envolvimento do formando seja um sistema substancialmente mais rápido e, consequentemente, permite que seja fornecido um feedback imediato; segundo, este sistema concede-nos a possibilidade de modificar a sequência de conteúdos, conduzindo a um ajuste do percurso de aprendizagem com base no desempenho mais eficaz; por último, os dois passos anteriores culminam numa personalização dos recursos, conferindo a capacidade de adaptar textos, vídeos ou quaisquer outros exercícios relacionados com a formação, consoante as necessidades de cada formando.
Dito isto, não deixa de ser importante deixar claro que existem duas formas principais de implementação da Aprendizagem Adaptativa: a projetada e a algorítmica. Ambos carregam no nome aquilo que os distingue. O primeiro método é projetado por especialistas, formadores que dominam as matérias apresentadas aos formandos. O segundo funciona através de algoritmos, sendo o Bayesian Knowledge Tracing (BKT) e o Item Response Theory (IRT) dos mais amplamente conhecidos.
Benefícios e eficiência da Aprendizagem Adaptativa
Partindo das premissas já expostas – as de que existe a personalização dos recursos e do desenvolvimento, um feedback imediato e um maior envolvimento dos formandos, que se veem assim envolvidos numa experiência de aprendizagem mais dinâmica e interativa, os benefícios parecem evidentes.
Os programas formativos da Cegoc já aplicam estes conceitos, proporcionando uma aprendizagem mais personalizada e adaptativa, através de metodologias como microlearning, simuladores e percursos flexíveis, ajustados ao ritmo de cada participante.
É também partindo dos princípios mencionados que somos levados a acreditar que, no final de contas, todo o processo da Aprendizagem Adaptativa se traduz num aumento de eficiência. Mas será mesmo assim? Segundo vários trabalhos de investigação, a resposta é que, tendencialmente, é.
Num artigo científico de 2008, disponível para consulta gratuita na plataforma online ResearchGate, intitulado “An analysis of the Research on Adaptive Learning: The Next Generation of e-Learning” (Uma análise da Investigação sobre a Aprendizagem Adaptativa: A Próxima Geração do e-Learning, em português), Elena Verdú, Juan Pablo de Castro, e Luisa M. Regueras chegaram precisamente a essa conclusão.
Emergência das Plataformas de Aprendizagem Adaptativa
Dado todas as evidências relativas aos benefícios dos métodos da Aprendizagem Adaptativa, o aumento da sua utilização por parte das organizações é uma conclusão à qual chegamos naturalmente. É um exemplo prático de uma situação win-win, em que todos os intervenientes atuam de forma simbiótica. Analisando os dados recentes, fica claro que a tendência das plataformas de Aprendizagem Adaptativa é ascendente.
“O tamanho do mercado global da Aprendizagem Adaptativa foi avaliado em 3,46 mil milhões de dólares em 2022”, pode ler-se numa análise da Grand View Research, “e espera-se que cresça a uma taxa composta de crescimento anual de 21,4% de 2023 a 2030”. Segundo esta estimativa, que, note-se, está em linha com outras, o tamanho do mercado global da Aprendizagem Adaptativa atingirá um valor perto dos 16 mil milhões de dólares em 2030.
Mas, e ainda segundo a mesma análise, há algo que salta inevitavelmente à vista. A Aprendizagem Adaptativa divide-se principalmente em dois setores: ensino (do primário ao universitário) e organizacional, e é o primeiro que compõe a maior parte deste mercado. Este dado, em si, não é absurdo, como é natural, mas as organizações têm ainda um longo caminho a percorrer neste sentido.
As empresas que adotarem Adaptive Learning agora estarão mais preparadas para o futuro, criando processos de aprendizagem mais eficientes e otimizados.
Conclusão
A Aprendizagem Adaptativa já não é uma tendência – é uma necessidade para empresas que querem desenvolver talento com impacto real.
Após exposta de forma breve a Aprendizagem Adaptativa, o seu método operacional, os seus benefícios e eficiência, restam poucas dúvidas de que se trata de uma ferramenta orientada para o futuro, fornecendo uma experiência pessoal e profissional adaptada às necessidades específicas dos envolvidos. Por último, fica também claro que o investimento nesta vertente do Digital Learning, principalmente por parte de organizações que desenvolvem a sua atividade no setor da formação, é crucial para o seu desenvolvimento e para aumentar, em última instância, o seu valor acrescentado.
As organizações que adotam esta abordagem não só aumentam a eficácia da formação, como garantem um desenvolvimento mais estratégico das suas equipas.
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