Preciso de IA na minha gestão quotidiana?
Desde o lançamento do ChatGPT, a IA Generativa conheceu um verdadeiro frenesim mediático e uma velocidade de adoção sem precedentes. Nenhuma empresa pode ignorar a emergência desta nova tecnologia. Ao nível das suas funções, os gestores interrogam-se sobre as utilizações a desenvolver. Em que casos é que a IA é recomendada? Vejamos uma série de cenários diferentes.
Gestores cujas equipas realizam tarefas repetitivas
Obviamente, neste caso, a resposta à pergunta “preciso de IA no meu trabalho quotidiano” é um categórico “sim”. A vantagem da Inteligência Artificial époder automatizar tarefas repetitivas. Por exemplo, arquivar e-mails, enviar lembretes, guardar documentos, atualizar o CRM, agendar reuniões, publicar conteúdos, gerir stocks, lançar campanhas de marketing, tratar de faturas…
“Quando um gestor introduz informações num sistema informático, é desencadeada uma série de tarefas que conduzem a ações diferentes, consoante os departamentos da empresa. Uma vez concluída uma tarefa, é sugerida a seguinte. Quando se aproxima um prazo, o sistema informático envia um alerta... Nestes casos, a IA gera um fluxo de trabalho automático”, explica Hanelise Wagner, consultora de IA e transformação digital do Grupo Cegos.
Apoiados pelos seus departamentos de TI, os departamentos operacionais das empresas utilizam há vários anos a IA neste contexto de trabalho. E a IA facilita o respetivo fluxo, libertando os gestores (e as suas equipas) de um fardo cognitivo e reduzindo drasticamente a sua carga de trabalho. O papel dos gestores neste caso é “implementar fluxos de trabalho e apoiar a sua equipa na utilização da IA”, diz o nosso especialista.
Se as tarefas forem repetitivas, mas ainda não automatizadas, “os gestores fariam bem em perguntar-se a IA pode ser uma fonte de ideias”. As equipas podem, por sua vez, fornecer as competências técnicas necessárias para automatizar estas tarefas.
Em todos o caso, é essencial que os gestores compreendam o funcionamento da IA, em particular da IA Generativa, para que possam perceber melhor o seu valor acrescentado em termos do âmbito das suas missões e das da sua equipa.
Gestores cujas equipas realizam tarefas criativas
No caso de uma equipa que realiza tarefas criativas, isto é menos óbvio. Estas tarefas não repetitivas são difíceis de automatizar porque o seu resultado final é um novo conteúdo. No entanto, a IA Generativa pode ajudar as equipas criativas que manipulam 4 tipos de dados: texto, imagens, som e números.
Os gestores, por exemplo, podem confiar no ChatGPT se precisarem de criar um relatório num curto espaço de tempo, utilizando informações que forneceram anteriormente através dos prompts. A partir de uma grande quantidade de texto, podem segmentar o conteúdo em categorias e facilitar as suas análises. Tem também a possibilidade de explorar diferentes variações visuais de um produto utilizando a IA Generativa. Podem efetuar pesquisas semânticas em bases de dados através de um agente de conversação...
“Para saber se vale a pena confiar na IA Generativa, os gestores têm de considerar não só a natureza da tarefa criativa, mas também o nível de qualidade e precisão que esperam desta tecnologia. Se a IA conseguir executar a tarefa melhor ou mais rapidamente do que um humano, ou seja, exceder o nível de qualidade e precisão exigido, a sua equipa pode ganhar em produtividade”, explica Hanelise Wagner. Também aqui, os gestores precisam de ter maturidade suficiente para ver o potencial da IA. “A sua compreensão é necessária, pelo menos, para poderem criar avisos. Precisam, igualmente, de ser persuasivos quando se trata de adquirir uma tecnologia que ainda não está disponível na empresa e de apoiar o desenvolvimento das competências das suas equipas”, exemplifica.
Gestores que, ao contrário da sua equipa, não utilizam a IA
Uma escolha muito arriscada
Os gestores cujas equipas utilizam a IA e que não se debruçaram sobre o seu uso podem encontrar-se numa situação delicada. Por um lado, porque o aparecimento destas tecnologias não é apenas uma moda passageira, mas está a tornar-se gradualmente inevitável (incluindo em funções de gestão).
Por outro lado, enquanto gestor, se ignorar a questão, corre o risco de perder a sua legitimidade aos olhos da sua equipa, ou mesmo de ser afastado por não ter cuidado da importância do seu papel ou função. Esta situação é tanto mais perigosa quanto os gestores estão geralmente no centro das atenções quando se trata de incentivar as suas equipas a aprenderem sobre as utilizações emergentes oferecidas pelas novas tecnologias. Demonstrar curiosidade é, pois, uma condição essencial para os gestores.
Certos limites
Por vezes, os gestores optam conscientemente por não utilizar a IA. Podem existir várias razões para tal. “Por exemplo, a utilização de IA Generativa pode não estar em conformidade com os princípios éticos e legais”, afirma Hanelise Wagner. É o que acontece, por exemplo, quando uma equipa utiliza a IA Generativa para criar vídeos a partir de uma imagem sem se preocupar com questões de direitos de autor ou com o respeito pelas informações de caráter pessoal. A utilização da IA também pode apresentar demasiados riscos, por exemplo, se a equipa revelar, nos seus prompts, informações confidenciais sobre um produto não comercializado, que pode acabar nas mãos da concorrência. Por último, o retorno do investimento da IA pode ser negativo. “Para avaliar o valor acrescentado da IA, é preciso ser capaz de estimar o custo versus o benefício, ou seja, comparar os custos (de licenças, desenvolvimento interno, etc.) com as potenciais poupanças de tempo e qualidade”, diz Hanelise Wagner. Mas o facto de não utilizar a IA por estas razões não deve impedir os gestores de se interessarem pelo funcionamento da IA e por outras utilizações.
IA: as perguntas a fazer a si próprio antes de a adotar para realizar uma tarefa
- A tarefa envolve a produção ou análise de grandes quantidades de dados?
- A tarefa envolve a manipulação de texto, som, números ou imagens?
- A IA pode satisfazer ou exceder o nível de qualidade exigido para a tarefa?
- A tarefa pode beneficiar de uma personalização em grande escala?
- A tarefa utiliza múltiplas variantes do mesmo objeto?
- O ROI da IA é positivo?
- A utilização da IA Generativa está em conformidade com os princípios éticos e legais?
Se a resposta for “sim” a pelo menos uma destas 6 perguntas, os gestores têm todo o interesse em apropriar-se da IA para desenvolver a respetiva utilização nas suas equipas.
Este artigo é original e foi escrito por, Céline Chaudeau e publicado no Blog da Cegos.